quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Review - D4: Dark Dreams Don't Die


No fim de Outubro, o game designer, diretor, escritor, budista e alcoólatra Hidetaka Suehiro (conhecido como SWERY, ou Swery65) saiu da Access Games, empresa em que ele era um dos membros fundadores. Swery já havia anunciado no fim do ano passado que ia se afastar um tempo pra se recuperar da hipoglicemia, mas no fim, ele acabou só saindo da empresa e agora vai focar em ser escritor.

Swery é conhecido principalmente pelo clássico cult. Deadly Premonition, que já falei no post de recomendações de Halloween. Nele já podemos ver as ideias malucas e conceitos estranhos que Swery aplica em seus jogos, algo similar a outros diretores/game designers como Suda51 e Hideo Kojima.

Infelizmente, Swery trabalhou em poucos jogos e o pior ainda, o último jogo dele foi deixado incompleto, Dark Dreams Don't Die foi lançado em episódios, similar aos jogos da Telltale. Foram lançados um prólogo e 2 episódios que não terminaram a história.

O que é uma pena, pois o jogo é fantástico.
Esse é o Swery junto de Sharapova, sua "macaca" de estimação.
D4 conta a história de David Young, um ex-policial que saiu do Departamento de Policia de Boston após o assassinato de sua esposa Peggy Young, apelidada de Little Peggy, David presenciou o assassinato mas levou um tiro na cabeça durante o ocorrido, sua única lembrança são das palavras finais de Peggy "Look for D" (procure por D).

A história é interessante e parece ter um tom muito sério, mas boa parte do jogo é focado em bizarrice e comédia, o protagonista é um cara bem estranho, cheio de maneirismos e com sotaque mega carregado de Boston, desde a morte da Peggy, David vive depressivo e confinado em seu apartamento tentando resolver o mistério.



Para ajudar no caso, David conta com ajuda de seu ex-colega da policia, Forrest Kaysen, um velho gordo que fornece evidências e informações, e Amanda, uma mulher que age como uma gata e todo mundo trata ela como uma, não é explicado exatamente o porque, mas só tá lá, é engraçado e já demonstra qual é o clima do jogo.

Mas como David investiga o caso? Simples, graças as evidências que Kaysen entrega, elas podem ver "mementos", recordações de eventos importantes, objetos que permitem que David "viaje" para o passado e tente achar pistas sobre o assassinato da Peggy, ou até mesmo conseguir salvá-la da morte.


Os controles são tão simples que dá pra jogar tudo só no mouse, você seleciona pra onde quer ir, o que quer investigar, com que você quer falar e etc. A investigação tem um limitador, a barra de energia/stamina, pra realizar diversas ações durante a exploração, David gasta um pouco de energia, zerando a barra o jogo dá game over, pra evitar isso, você vai ter que comprar comida ou achá-la pelo cenário.

Além da stamina, você tem que cuidar da sua barra de vida, durante as cenas de ação e a investigação, o personagem pode se ferir, o que é uma mecânica incomum em adventures, geralmente você faz algo errado e já morre, ou nem tem uma forma de perder. Pode parecer meio chato, mas não é muito difícil e funciona como um desafio a mais nesse tipo de jogo que não tem muita dificuldade.


Além da investigação, o jogo tem cenas de ação que são comuns a jogos de adventure atuais, mostra uma ceninha, você aperta os botões indicados e deu, mas D4 consegue utilizar isso muito bem, as cenas são muito criativas e engraçadas, os comandos dos quick time events fazem todo sentido com o que está acontecendo, se alguém te jogar um objeto, você tem que pegar ele com o cursor, se precisar desviar de algo, mexa o mouse na direção correta de desviar, tudo é bem dinâmico.

Fora isso, o jogo é cheio de coisinhas pra fazer, comprar e liberar roupas pros personagens, achar alguns documentos, fazer as cenas de ação e diálogos de forma que sincronize com as ações do personagem, e outras.


Graficamente o jogo é muito bom, o visual é em cel-shading e funciona muito bem junto com a cenas, principalmente quando David vai "navegar" no passado e nas cenas de ação.

Outro destaque é a trilha sonora sensacional, ela é bem variada, mas todas faixas são excelentes e encaixam perfeitamente com o clima cômico, misterioso e estranho de D4, o jogo tem até um tema de abertura perfeito pra uma série de investigação.


Dark Dreams Don't Die consegue se destacar por ser um adventure criativo, carismático e único, por mais que não seja baseado em "faça suas escolhas" assim como a maioria dos adventures modernos, não deixa nada a desejar em termos de jogabilidade, gráficos e história. 

O maior problema é dele e não ter um final digno até o momento, inclusive o episódio final termina em um cliffhanger e não se sabe se ele vai acabar, já que jogo está na mão da Access Games que não declarou nada em relação a terminar a história.

Além disso, a versão que joguei de D4 foi a de PC, ela é bem feita, mas exige um computador muito bom pra rodar do jeito certo, tive que baixar um iniciador feito por fãs pra poder rodar o jogo sem nenhum travamento. D4 também está disponível para o Xbox One também, e deve ser um dos poucos jogos bons para o Kinect.

Nota: 8

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